A equipe do Parabolando procurando conhecer um pouco mais sobre a história
da ponte de Guarapari foi bater um papo com a professora Beatriz Bueno.
A professora Beatriz Bueno é autora do livro GUARAPARI - MUITO MAIS QUE
UM SONHO LINDO fruto de quase 03 décadas de pesquisa, marcados de paixão pela
rica história do nosso município.
Acompanhe os principais trechos da entrevista do Parabolando com a professora Beatriz Bueno
Parabolando: Como era Guarapari antes da ponte?
Profa. Beatriz Bueno: Antes da ponte aqui só chegava-se de balsa ou canoa, pois
nosso município é uma península (porção de terra que é cercada de água por
todos os lados, menos por um, que se liga ao continente ou a uma outra porção
de terra maior). O médico Dr. Silva Mello foi que falou de Guarapari para o
mundo e era contra a construção da ponte, que tinha que preservar o centro
igual a Paquetá/RJ. Ele temia que o recorte de Guarapari, que em sua opinião
mais bonito que o Côte d'Azur France, fosse descaracterizado. Na época alertou que
a construção de prédios na orla faria uma barreira para a brisa gostosa que vem
do mar. E tudo que ele falou para não fazer, isso foi feito.
A primeira ponte era
estreita e mão e contramão, foi construída na gestão do prefeito Durval de
Carvalho, as obras iniciaram em janeiro de 1951 e sua inauguração em maio de
1952. Em sua construção fizeram um aterro das Ilhas das Gaivotas a Muquiçaba e
com isso ficou impossível à entrada de navios na cidade, acabando com o porto
mais importante ao sul de Vitória/ES. O canal perdeu a profundidade, pois a água
perdeu o volume e a força não conseguindo mais empurrar os detritos para o alto
mar.
Parabolando: E quais os principais impactos sociais com a construção da primeira ponte?
Profa. Beatriz Bueno: Com a construção da primeira ponte o acesso a Guarapari ficou
mais fácil e na mesma época os estudos do Dr. Silva Mello, publicados em
diversas revistas do Brasil e do mundo, divulgavam as propriedades da radioatividade
das areias monazíticas para a saúde fazendo que muitas pessoas viessem morar em
Guarapari.
Muitos imóveis,
principalmente da orla, que originalmente eram da colônia de pescadores foram
vendidos para a construção civil e a população nativa acabou empurrada para a
periferia da cidade desarticula-se uma produção cultural muita rica de nossa
cidade.
Parabolando: A rota marítima influenciou em como foi definida a altura da
ponte?
Profa. Beatriz Bueno: Acho que não. Ela é baixa e não permite o tráfego de navios e
escunas.
Parabolando: Porque foi designada a construção da segunda ponte?
Profa. Beatriz Bueno: O rápido aumento da população de Guarapari. O engarrafamento
era constante. Hoje elas (as pontes) já estão obsoletas.
Parabolando: Em seu livro a senhora relata sobre a travessia de balsa. E
com a construção da ponte o que mudou?
Profa. Beatriz Bueno: Com a ponte o acesso ficou mais fácil. Havia até uma separação
da elite de Guarapari que morava no Centro com a população mais humilde que
morava em Muquiçaba.
Parabolando: Uma frase para definir a ponte de Guarapari.
Profa. Beatriz Bueno: Ela trouxe um progresso que não foi tão bom para a cidade.
Não houve critérios. Esse foi o grande problema, a falta de critérios para
determinar o que pode ou não ser feito. Há leis que impedem a construção de prédios
na orla com mais de 4 andares, mas não é respeitada. Perdemos muito por falta
de conhecimento, é preciso ter conhecimento, conhecimento é poder!
Fotos (Arquivo Pessoal)

Saiba mais sobre a construção da ponte de Guarapari visitando a página do Guarapari Memória no Facebook.